Achei que os humanos se diferenciavam dos animais pelo raciocínio e pelos sentimentos. Achei que o raciocínio estivesse a favor da humanidade, que o raciocíno trouxesse benefícios para a nossa sobrevivência. Achei que sobreviver era o suficiente, ou pelo menos viver bem. Achei que todos soubessem que precisamos do planeta, do ecossistema e de tudo que ele nos oferece, para sobreviver. Achei que todos soubessem que a degradação da natureza nos faria mal.
Mas o homem parece que não está raciocinando direito, apenas pensa que quanto mais dinheiro melhor. Não importa o que aconteça, não importa se a Terra cada vez mais se aquece, se o ar cada vez mais se polui, se oceanos cada vez mais estão poluídos, colocando em risco os animais que habitam nele, ou se a água cada vez é mais escassa. Não importa. Quanto mais lucros, melhor.
Quanto mais roupas de grife, quanto mais sapatos de marca, quanto mais joias, quanto mais carro do ano, quanto mais celular da moda, melhor. Não importa se tem pessoas com fome, se tem pessoas doentes, se a violência aumenta, se tem pessoas morrendo. Não importa. Achei que a vida das pessoas importasse. Achei que a vida em si fosse importante. Mas a reação diante destas coisas é cada vez mais rara.
Achei que as leis eram para todas as pessoas, independente de classe, raça, ou hierarquia. Achei que os culpados que seriam punidos e que os inocentes seriam livres. Achei que os que estivessem no poder eram os que mereciam estar lá.
Achei que as crianças só tinham que brincar. Achei que as pessoas tivessem sentimentos, se importassem com outras. Achei que o sexo fosse um ato de amor e apenas para pessoas adultas, não achei que fosse algo que pudesse causar sofrimento para alguém. Achei que a vida fosse mais relevante, e que não se podia tirá-la de ninguém.
Achei que éramos inteligentes. Achei que todos achassem que essas tolices não nos levam a lugar nenhum, apenas a uma vida de miséria. Achei que soubesse que a vida não pode ser preenchida apenas em ter. Achei que soubessem que deveriam trocar o verbo ter pelo ser, que nada se leva dessa vida. Achei que o que valia mais era o abstrato: o caráter, o respeito, a solidariedade, a amizade, o amor, os sentimentos. É isso que nos diferencia, é isso que dar sentido a vida.
Achei que esse raciocínio era lógico, bem, só achei.